Sismos: Eu senti
Dia 29 de Dezembro, cerca das quatro e meia da manhã, levantei-me para ir com o meu filho Luís à casa de banho. Foi então que ouvi um som que logo associei a um tremor de terra, apesar de nunca ter sentido nenhum. Desde logo fiquei com essa sensação, mas ainda tentei encontrar outras explicações para o ruído que acabara de ouvir. Tendo em conta que moro perto de uma estrada municipal e também de uma auto-estrada (A6), pensei: poderá ser o barulho de um camião. Mas não... O som demorou cerca de meia dúzia de segundos e não se propagou como o ruído da movimentação de um veículo dessa natureza. Também me passou pela cabeça que poderia ser trovoada. Pois bem, saí à rua e constatei que o céu estava limpo, pelo que isso deixou de ser hipótese. Finalmente reparei que, apesar de não haver vento, as folhas da amoreira que tenho frente à porta oscilavam como se uma ligeira brisa soprasse. A ideia de ter sido um sismo ganhou novamente forma. Voltei a deitar-me, mas em sobressalto porque não me saía da cabeça o que havia acontecido. Passados alguns minutos sosseguei e, às cinco da manhã, repetiu-se aquele som. Virei-me para o outro lado e adormeci. De manhã, a confirmação: dois sismos, a essas horas, com epicentro em Mora, haviam abalado as regiões Centro e Sul do País.
Nuno Barraco
Nuno Barraco